A notícia de que alguns países suspenderam o uso da vacina do Laboratório AstraZeneca está sendo motivo de preocupação para alguns. Mas o que realmente motivou a suspensão temporária do imunizante? A vacina pode mesmo provocar coágulos e embolia pulmonar?
Antes de tudo, é bom que se saiba que a vacina está sendo suspensa apenas como uma medida de precaução. Não existe ainda nenhuma confirmação de que esta seja a causadora dos casos detectados. As agências reguladoras de vários países estão analisando os dados para assim poder chegar a uma conclusão concreta sobre o assunto.
A vacina do Laboratório AstraZeneca, que é resultado da parceria com a Universidade de Oxford, foi interrompida em alguns países da Europa após surgimento de casos de distúrbio de coagulação entre as pessoas imunizadas.
Países como Áustria, Bulgária, Noruega, Estônia, entre outros, paralisaram momentaneamente a vacinação.
Esta semana foi a vez de Espanha, Irlanda, Alemanha, França, Itália e Holanda também aderirem a suspensão. Por enquanto, esta é uma suspensão temporária até que se tenha uma resposta definitiva sobre se existe ou não uma relação entre a vacina e os casos.
Na maior parte dos países que estão usando a chamada vacina de Oxford, o público prioritário são os idosos ou pessoas que apresentam algum tipo de comorbidade. O que está sendo analisado por cientistas, é se houve aumento real de pessoas com casos de tromboses e sangramento nas pessoas vacinadas.
De acordo com a coordenadora dos testes da AstraZeneca no Brasil, Sue Ann Costa Clemens, nas 60.000 pessoas em que o imunizante foi testado em todo o mundo não houve um número de casos de trombose maior do que aquele que já é verificado normalmente.
Segundo o laboratório AstraZeneca, até a data de 8 de março, quando 17 milhões de pessoas já tinham recebido o imunizante, foram registrados 15 casos de trombose venosa profunda e 22 de embolia pulmonar.
Após revisão, o laboratório informa que o índice de ocorrência ficou abaixo daquele que já acontece independente da vacinação. Foram analisados dados de diferentes faixas etárias, sexo e lote de vacinas.
Foi marcada pela Organização Mundial da Saúde uma reunião com um grupo de especialistas que vão fazer uma análise sobre a segurança no uso do imunizante. Por enquanto, a recomendação é de que a vacinação deve continuar em todos os países. A mesma posição tem a Agência Europeia de Medicamentos, segundo a qual a vacina traz benefícios superiores aos possíveis riscos.
No Brasil, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) já pediu ao laboratório mais informações sobre os chamados efeitos adversos. Segundo comunicado que foi publicado pela Anvisa, a agência está acompanhando cinco casos de tromboses que ocorreram no país, mas que não há até agora nenhuma indicação de que estes estejam relacionados à vacina.
A atitude das autoridades de países europeus fez com que também a Fiocruz publicasse um comunicado esclarecendo que não há até o momento nenhuma comprovação de que a vacina possa favorecer a formação de coágulos sanguíneos. O comunicado ressalta ainda que o imunizante tem se mostrado bastante seguro e também eficaz, evitando assim as internações entre os vacinados.
De acordo com a Fiocruz, o Brasil não recebeu nenhum lote da vacina que é distribuída na Europa. Aqui os lotes são do laboratório Serum, da Índia.
Além das vacinas compradas prontas, o Instituto Fiocruz fabrica também a vacina a partir de insumos que chegam do laboratório Serum. Existe ainda um processo para que aconteça a transferência de tecnologia e assim o Instituto possa produzir o IFA (farmacêutico ativo). A partir da transferência, a produção da vacina será totalmente feita no país.
Com a importação do IFA, existe a previsão de que 104,4 milhões de doses possam ser entregues no primeiro semestre de 2021 ao Ministério da Saúde, de acordo com Marco Kruger, vice-presidente de Produção e Inovação do Instituto Fiocruz. Após o segundo semestre, quando se dará a transferência de tecnologia, são esperadas mais 110 milhões de doses.
A trombose venosa acontece com a formação de trombose (coágulos) dentro das veias. Estes coágulos tornam mais difícil a circulação sanguínea. Na maioria das vezes, acontece nas veias dos membros inferiores. O risco maior é de que o coágulo possa se desprender e com isso atingir outras partes do corpo.
O entupimento das veias, que acontece quando um coágulo desprendido atinge as artérias dos pulmões, causa a embolia pulmonar. Isso pode causar sérios problemas, não apenas nos pulmões, como também cardíacos.
Por Henri Silva
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Política de Cookies
Quer deixar um comentário?