Nem todos são privilegiados com noites bem dormidas. Análises feitas em 2007 e 2017 identificaram um aumento 31% na parte da população brasileira afetada pela apneia do sono. O Instituto do Sono de São Paulo realizou esse levantamento que comprovou, também, que atualmente muitas pessoas têm insônia.
Quanto mais são comprovados os benefícios do sono pela ciência, mais devemos nos atentar aos distúrbios dificultam ou impedem o ato de dormir. Inclusive, as duas doenças citadas acima são apenas dois exemplos em meio à tantas outras que atrapalham o nosso descanso.
Confira abaixo esses e outros problemas recorrentes, descubra como identifica-los e saiba como tratá-los.
O terror noturno é um distúrbio do sono que acontece nas primeiras horas do sono e é mais frequente em crianças, porém, também pode afetar adultos.
Normalmente, os episódios de terror noturno duram entre alguns segundos e poucos minutos e, durante eles, a pessoa pode abrir os olhos, gritar, sentar na cama, chorar inconsolavelmente, correr pela casa e continuar dormindo, sem se lembrar de nada no dia seguinte.
Os adultos são mais propícios a serem agressivos do que as crianças durante os episódios de terror noturno e, diferente delas, talvez tenham pequenas lembranças ocorrido.
Ainda não foi identificada a causa exata do terror noturno, entretanto, acredita-se que esteja relacionada a um estímulo excessivo no sistema nervoso central durante o sono, que aconteceria porque as células ainda não amadureceram.
Outros fatores também podem estar ligados ao problema:
Na maioria dos casos, o terror noturno não necessita de tratamento, somente de medidas de prevenção para evitar que a pessoa se fira, porém não se deve restringir a atividade motora da pessoa, pois isso prolonga os eventos. Em crianças, os episódios tendem a desaparecer por completo com o crescimento.
Por ser muito comum, hoje em dia o sonambulismo não é mais caracterizado como um distúrbio do sono propriamente dito, mas sim como uma variação dele. Consiste basicamente em levantar-se da cama, andar ou praticar algum tipo de atividade enquanto ainda está dormindo. Em termos médicos, as funções motoras da pessoa despertam, mas sua consciência permanece inativa. Trata-se, portanto, de um despertar desequilibrado do cérebro.
Além disso, o sonambulismo é identificado principalmente pelo vai-e-vem pela casa, pode incluir ainda conversas e acontece na primeira metade da noite. Pode durar pouco tempo ou até 40 minutos e se repetir ao longo da noite. Durante esses episódios, a pessoa apresenta uma redução do estado de alerta, um olhar vazio e uma relativa ausência de resposta à comunicação com outras pessoas.
As causas exatas do sonambulismo ainda não foram totalmente esclarecidas. No entanto, os médicos apontam para uma série de fatores que podem aumentar as chances de uma pessoa vir a desenvolver episódios de sonambulismo – principalmente durante a noite. Veja:
Como o sonambulismo é tipicamente observado em crianças, não há tratamentos indicados. O ideal é que os pais tomem cuidado com a criança e com o ambiente em que ela pode circular durante a noite para garantir sua segurança. É uma fase que a criança vive e que, geralmente, passa com o passar dos anos.
Apenas quando os episódios de sonambulismo são muito frequentes e podem influenciar no dia a dia da criança e da família, alguns medicamentos específicos podem ser prescritos pelo médico.
Enurese é a micção involuntária que pode ser causada por vários fatores. Estes incluem desordens nos rins, bexiga, uretra ou falta de controle dos músculos que liberam a urina, além de ser associada com fatores neurológicos. Em crianças até os cinco ou sete anos é comum ter episódios de enurese noturna, o famoso xixi na cama, e não gera preocupação. Pelo contrário, faz parte do desenvolvimento da criança.
Ninguém sabe a exata causa da enurese, mas acredita-se que vários fatores possam causa-la ou contribuir com os sintomas. São eles:
No tratamento para enurese sem doenças concomitantes pode ser recomendado criar uma rotina para que a criança vá ao banheiro, mesmo que não esteja “sentindo” vontade. Ela ainda está desenvolvendo esses sensores, por isso é importante que vá mesmo assim. Limitar a quantidade de líquidos que a criança ingere a noite. Fisioterapia para fortalecer os músculos da bexiga e, em alguns casos, o médico pode recomendar o uso de medicamentos
Bruxismo é uma desordem funcional que se caracteriza pelo ranger ou apertar dos dentes durante o dia ou, mais comumente, durante o sono.
Os médicos ainda não entendem completamente as causas que levam ao bruxismo. As possíveis razões físicas ou psicológicas para esse distúrbio podem incluir:
Os principais objetivos do tratamento de bruxismo são reduzir a dor, evitar danos permanentes aos dentes e reduzir o ranger ao máximo. Uma placa para bruxismo pode ajudar a reduzir o travamento. Existem muitos tipos diferentes delas, sendo que algumas se encaixam nos dentes superiores e outras nos dentes inferiores. Elas podem ser projetadas para manter sua mandíbula em uma posição mais relaxada ou proporcionar alguma outra função. Se um tipo não funcionar, outro poderá servir. Converse com um dentista sobre a melhor placa para seu caso de bruxismo.
Síndrome das pernas inquietas é uma condição em que a pessoa tem uma vontade incontrolável de mexer as pernas e as move involuntariamente. Normalmente esse movimento ocorre principalmente quando a pessoa está dormindo, atrapalhando a qualidade do seu sono.
Não se sabe ao certo qual é a causa da síndrome das pernas inquietas, alguns especialistas suspeitam que esteja relacionada com algum desequilíbrio da dopamina no cérebro, que manda as mensagens que controlam os movimentos musculares do corpo.
As causas da síndrome das pernas inquietas estão mais relacionadas, na verdade, aos fatores de risco. Alguns exemplos, são:
Muitas vezes a síndrome das pernas inquietas é resolvida com o tratamento da doença subjacente que está causando o problema, como a anemia ou a neuropatia.
Caso não haja nenhuma condição associada ao quadro de síndrome das pernas inquietas, existem tratamentos focados em mudanças de hábitos ou medicamentos.
A apneia do sono é um distúrbio do sono potencialmente grave em que a pessoa para de respirar, por alguns segundos, diversas vezes durante a noite. Pessoas com apneia obstrutiva do sono podem, inclusive, não estar cientes de que têm o problema.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 50% da população brasileira se queixa de qualidade de sono ruim e cerca de 30% da população adulta sofre de apneia do sono.
Apneia obstrutiva do sono
É a forma mais comum, e ocorre quando os músculos da garganta relaxam durante o sono e as vias respiratórias se fecham, o que interfere e impede a respiração adequada. Isto pode reduzir drasticamente o nível de oxigênio no sangue. Assim, o cérebro recebe a mensagem de que algo está errado. Por ser incapaz de respirar, você desperta do sono por um breve momento – em que as vias respiratórias reabrem e permitem que a respiração volte ao normal. Esse problema, no entanto, se repete inúmeras vezes ao longo da noite e pode causar sérias complicações.
Apneia do sono central
A apneia do sono central é muito menos comum e ocorre quando o cérebro não consegue transmitir sinais para os músculos da respiração. Uma pessoa que sofre com este tipo de apneia pode acordar com falta de ar ou sentir dificuldade para dormir ou, ainda, para manter o sono. Assim como ocorre com a apneia obstrutiva do sono, aqui a pessoa também pode apresentar sonolência durante o dia.
Apneia obstrutiva do sono
Para esse tipo de apneia do sono, a principal causa é a obstrução do canal respiratório. Situações como obesidade, aumento das amígdalas, circunferência do pescoço e alterações craniofaciais, podem levar à apneia do sono.
Apneia do sono central
A causa mais comum de apneia do sono central é a insuficiência cardíaca e, mais raramente, um acidente vascular cerebral (AVC), lesão de tronco de origem traumática, uso de opióides (medicação para dor).
Todas as pessoas podem apresentar apneia do sono, até mesmo crianças. Alguns fatores de risco, no entanto, costumam ser elencados pelos médicos. Eles variam de acordo com o tipo da doença, mas pelo menos duas características são comuns: ser do sexo masculino e ter mais de 50 anos de idade. Os homens, em geral, são duas vezes mais propensos a desenvolver a doença do que as mulheres, que têm seu risco aumentado se estiverem acima do peso e também após a menopausa.
O principal objetivo do tratamento de apneia do sono é manter as vias respiratórias abertas para que a respiração não seja interrompida durante o sono. Em casos leves, alguns pacientes podem usar aparelhos odontológicos na boca durante a noite para manter a mandíbula posicionada mais para frente e impedir o bloqueio das vias aéreas. Nos casos moderados a severos é necessário o uso de uma máscara de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, na sigla em inglês). Esse aparelho joga ar na via respiratória, mantendo-a aberta.
As cirurgias podem ser uma opção em alguns casos. Isso pode envolver:
Atualmente, a inalação feita com CPAP é considerada um tratamento padrão e eficiente para a apneia obstrutiva do sono na maioria das pessoas. E o melhor: pode ser realizado em casa. O CPAP é aplicado por uma máquina com uma máscara facial acoplada.
A insônia é um distúrbio persistente que prejudica a capacidade de uma pessoa adormecer ou, ainda, de permanecer dormindo durante toda a noite. Pessoas com insônia geralmente começam o dia já se sentindo cansadas, têm problemas de humor e falta de energia e têm o desempenho no trabalho ou nos estudos prejudicado por causa deste distúrbio. A qualidade de vida da pessoa, em geral, costuma ficar comprometida pela insônia.
Muitos adultos apresentam insônia em algum momento da vida, mas algumas pessoas têm insônia crônica, que pode perdurar por um período de tempo muito maior do que o normal.
A insônia pode ser, ainda, um distúrbio secundário causado por outros motivos, como doença ou uso indevido de medicação.
As causas mais comuns de insônia incluem:
Uma mudança nos hábitos de sono e tratar as causas subjacentes da insônia, como condições médicas ou medicamentos, pode restaurar um padrão de sono saudável em muitos pacientes. Se essas medidas não funcionarem, o médico pode recomendar medicamentos para ajudar com o relaxamento e na readequação do sono.
Por: Isabella Proença
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