A comunidade científica estudou os motivos prováveis do câncer de colo uterino. Essa curiosidade científica existe desde o último meio século. Analisando o perfil das mulheres vitimadas pela enfermidade, os cientistas identificaram duas principais características:
– Início precoce da vida sexual
– Atividade sexual com muitos parceiros.
Sendo que o câncer não é uma doença contagiosa, acreditava-se que o câncer estava associado com alguma infecção sexualmente transmissível (IST). Era uma hipótese.
Décadas se passaram e cientistas descobriram que os Papilomavírus humano (HPV) estava em 98% dos casos do câncer uterino. Além do mais, o Papilomavírus humano (HPV) possui alto risco oncogênico (desencadeador do câncer). Dentro do contexto da descoberta, o virologista alemão Harald Zur Hausen, em 2008, ganhou o prêmio Nobel pela confirmação da hipótese.
A doença, o câncer cervical (câncer de colo de útero), é o segundo tumor que mais vitima mulheres (sempre nos locais não muito desenvolvidos).
Estima-se, por exemplo, que são 16.000 novos casos anuais brasileiros. Tal informação é do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Por outro lado, na Austrália, estima-se que a doença está completamente eliminada por conta da combinação efetiva entre programas de imunização e vacina contra HPV. E tudo isso num prazo de 20 anos!
Noutras palavras: Uma vacina pode erradicar o câncer uterino.
O HPV é a sigla para Papilomavírus Humano. Já foram descobertos mais de 150 tipos de HPV. Uns 40 tipos de HPV podem infectar o trato anogenital (local que compreende a genitália e o ânus).
Não precisa haver penetração para que haja transmissão. A transmissão do vírus pode acontecer via sexo anal, oral, vaginal ou quando alguém masturba seu parceiro.
Se as bases da vulva ou do pênis estiverem lesionadas, por exemplo, a camisinha não conseguirá impedir a transmissão.
Mesmo assim, o uso da camisinha continua sendo uma boa proteção (não podendo ser dispensado), porque reduz o risco de exposição a uma gama de agentes infecciosos (HPV, clamídia, gonorreia e a herpes). É raro quando acontece a transmissão vertical (mãe para filho) no parto. E, além do mais, a presença do HPV não impede a execução do parto vaginal.
A maioria das pessoas que fazem sexo com regularidade pode entrar em contato com HPV em algum momento da vida.
Estima-se que 90% dos infectados apresentarão uma infecção transitória pelo HPV.
Então: Eles eliminarão o vírus sem tomar conhecimento do fato e sem apresentar sintoma algum. Em 10% dos casos, as mulheres infectadas sofrerão com a persistência das infecções, podendo desenvolver câncer cervical.
Muitos poucos indivíduos (uma minoria) infectados pelo HPV (1%) apresentarão as verrugas genitais (chamadas de condiloma acuminada ou infecção clínica pelo HPV).
Não há, entretanto, associação entre a verruga e o câncer de trato genital.
Já na primeira relação sexual, os praticantes podem entrar em contato com o HPV.
Geralmente, isso não causa problemas maiores (porque tudo será eliminado pelo sistema imunológico). Nas mulheres, as verrugas podem estar presentes na vagina, na vulva e no colo do útero. Nos homens, as verrugas podem estar localizadas no pênis, testículos e virilha. Em todo o caso, as lesões poderão estar presentes no ânus e nas coxas. Apesar disso, alguns tipos de HPV são oncogênicos (podem ocasionar câncer como o de colo de útero, ânus e boca). Outros fatores podem contribuir com o desenvolvimento do câncer (tabagismo, histórico familiar e outros).
Mesmo a camisinha sendo fundamental para se proteger contra o HPV e demais IST, a vacinação é a melhor maneira de prevenção (especialmente antes do início da vida sexual).
Pediatras podem recomendar a vacina, mas profissionais da ginecologia podem indicar, também.
A vacina é distribuída pelo SUS (Sistema único de saúde) de maneira gratuita.
E, além disso, não requer autorização de responsáveis ou dos pais.
É, ainda, composta de duas doses com intervalo de seis meses entre a primeira e a segunda aplicação.
Felipe Gruetzmacher
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