Os principais problemas enfrentados pelos parentes e portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são a falta de conhecimento sobre a doença entre os profissionais e, consequentemente, o diagnóstico e sugestão de tratamento inadequados. A queixa tomou conta das discussões ocorridas durante o Fórum Científico Mitos e Verdades sobre o TDAH, realizado na última quarta-feira (11.05.2011), em São Paulo, no auditório da Shire – empresa farmacêutica líder mundial no tratamento da doença.
A professora adjunta do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo e associada do Child Study Center da Universidade de Yale (EUA), Maria Conceição do Rosário, disse que o portador do TDAH geralmente só recebe o diagnóstico correto depois de muitas idas e vindas aos consultórios de especialistas e de tratamentos inadequados. Isso ocorre, segundo ela, porque os profissionais têm pouco conhecimento sobre a doença.
O diagnóstico tardio, segundo ela, causa transtornos irreparáveis para os pacientes (na maioria, crianças e adolescentes) e para os pais. "A doença chega a comprometer o desenvolvimento do menor e ainda desestabiliza a harmonia familiar", afirma. "Um dos prejuízos mais dolorosos é a perda da auto-estima", completa a psicoterapeuta e presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), Iane Kestelman.
O TDAH é um transtorno neurobiológico que surge na infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. Ele se caracterizada por uma combinação de fatores: hiperatividade, impulsividade e desatenção. Os sintomas são a falta de concentração, incapacidade para memorizar, agitação, inquietude, dificuldades de obedecer a regras e limites. O perfil do doente: criança incontrolável, que corre e pula sem parar, geralmente é ansiosa, agitada, dispersa, não consegue se concentrar, principalmente nas atividades escolares, e costuma falar alto.
Segundo Maria Conceição do Rosário, a doença ocorre em cerca de 5% dos menores de zero a 14 anos e em 2,5% das pessoas na faixa etária compreendida entre os 15 e 64 anos. Nos meninos, predominam as características impulsivas e hiperativas. Já nas meninas o tipo mais comum é a desatenção crônica, falha de memória e esquecimento. Por ser mais explícito e perceptível, torna-se mais fácil o diagnóstico nos meninos.
A doença não tem cura, mas pode ser controlada com medicação. Mas a presidente da ABDA defende que o tratamento da doença deve ser "multimodal". "Além da medicação, que é essencial, deve-se agregar a terapia cognitivo comportamental, além de orientação aos pais, parentes e professores". "A intervenção psicofarmacológica deve vir acompanhada do envolvimento da família, da criança e da escola, com intervenções psicopedagógicas e psicoterápicas e reabilitação neuropsicológica", complementa Maria Conceição.
Por Alexandre de Souza Acioli
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